Diretamente do Rio Grande do Sul para o mundo...
Huahuahuahauhua
Nada é pra sempre. Tudo é pra hoje.
A vida não precisa ser eterna, apenas vivida
Melhor que um amor, só muitos amores
Se tiver que arriscar-se, não morra na praia. Se lance ao mar.
A cegueira da alma é a pior das escuridões.
Não brinque com fogo, você pode gostar do calor. Ainda mais da chama do amor.
Eu adoro a loucura, só tenho medo de ficar são.
Três conselhos: Faça amigos, faça sexo, faça-se feliz.
Note: Cidadania e Carater não começam com C por sim simples acaso.
Eu queria ser homem o bastante pra dizer: Foda-se. Mas, sou romântico e digo-lhe: dane-se.
"O silêncio até pode não ser nada. Mas, às vezes é melhor que tudo..."
Quem disse: “Vou te amar pra sempre, já estava olhando pra São Pedro”
Hoje é o retrato do ontem espelhado no que será o amanhã.
A é uma letra com sótão;
B é um I que se apaixonou por um 3;
Ao C só resta uma saída;
D é um berimbau bíblico;
O E ri-se eternamente das outras letras;
F, com seu chapéu desabado entre os olhos, é um gângster à espera de oportunidade;
A pontinha do G é que lhe dá esse ar desdenhoso;
H é letra duplex;
O i minúsculo é um biboque;
O j minúsculo é uma foca brincando com a sua bolinha;
K treina passo de ganso;
O m minúsculo é uma cadeia de montanhas;
N é uma M perneta;
O o minúsculo é um buraquinho no alfabeto;
P é um d plantando bananeira;
Q anda sempre com o laço do sapato solto;
R ficou assim de tanto praticar halterofilismo;
S é um cisne orgulhoso;
Na balança do T se faz justiça;
U é a ferradura do alfabeto;
V, a ponta de lança;
X, uma encruzilhada;
Finalmente, o Z é o caminho mais curto depois da bebida.
- Mais vale um galo no terreiro do que dois na testa.
- Quem empresta, adeus!
- Dize-me com quem andas e eu te direi se vou contigo.
- Pobre, quando mete a mão no bolso, só tira os cinco dedos.
- Quando pobre come frango, um dos dois está doente.
- Genro é um homem casado com uma mulher cuja mãe se mete em tudo.
- Cleptomaníaco: ladrão rico. Gatuno: cleptomaníaco pobre.
- Quem só fala dos grandes pequeno fica.
- Viúva rica, com um olho chora e com o outro se explica.
- Depois do governo ge-gê, o Brasil terá um governo ga-gá. (Ge-gê: apelido de Getulio Vargas. Ga-gá: referia-se às duas primeiras letras no sobrenome do novo presidente, Eurico Gaspar Dutra).
- Um bom jornalista é um sujeito que esvazia totalmente a cabeça para o dono do jornal encher nababescamente a barriga.
- Neurastenia é doença de gente rica. Pobre neurastênico é malcriado.
- O voto deve ser rigorosamente secreto. Só assim , afinal, o eleitor não terá vergonha de votar no seu candidato.
- Os juros são o perfume do capital.
- Urçamento é uma conta que se faz para saveire como debemos aplicaire o dinheiro que já gastamos.
- Negociata é todo bom negócio para o qual não fomos convidados.
- O banco é uma instituição que empresta dinheiro à gente se a gente apresentar provas suficientes de que não precisa de dinheiro.
- A gramática é o inspetor de veículos dos pronomes.
- Cobra é um animal careca com ondulação permanente.
- Tudo seria fácil se não fossem as dificuldades.
- Sábio é o homem que chega a ter consciência da sua ignorância.
- Há seguramente um prazer em ser louco que só os loucos conhecem.
- É mais fácil sustentar dez filhos que um vício.
- A esperança é o pão sem manteiga dos desgraçados.
- Adolescência é a idade em que o garoto se recusa a acreditar que um dia ficará chato como o pai.
- O advogado, segundo Brougham, é um cavalheiro que põe os nossos bens a salvo dos nossos inimigos e os guarda para si.
- Senso de humor é o sentimento que faz você rir daquilo que o deixaria louco de raiva se acontecesse com você.
- Mulher moderna calça as botas e bota as calças.
- A televisão é a maior maravilha da ciência a serviço da imbecilidade humana.
- Este mundo é redondo, mas está ficando muito chato.
- A promissória é uma questão "de-vida". O pagamento é de morte.
- A forca é o mais desagradável dos instrumentos de corda.
- Deus dá peneira a quem não tem farinha.
- Testamento de pobre se escreve na unha.
- Tempo é dinheiro. Vamos, então, fazer a experiência de pagar as nossas dívidas com o tempo.
- Precisa-se de uma boa datilógrafa. Se for boa mesmo, não precisa ser datilógrafa.
- O fígado faz muito mal à bebida.
- O casamento é uma tragédia em dois atos: um civil e um religioso.
- Com as crianças, é necessário ser psicólogo. Quando uma criança chora, é porque quer balas. Quando não chora, também.
- O menino, voltando do colégio, perguntou à mãe: "Mamãe, por que é que pagam o ordenado à professora, se somos nós que fazemos os deveres?"
- O feio da eleição é se perder.
- A moral dos políticos é como elevador: sobe e desce. Mas, em geral, enguiça por falta de energia, ou então não funciona definitivamente, deixando desesperados os infelizes que confiam nele.
- Com dinheiro à vista toda gente é benquista.
- Se você tem dívida, não se preocupe, porque as preocupações não pagam as dívidas. Nesse caso, o melhor é deixar que o credor se preocupe por você.
- Palavras cruzadas são a mais suave forma de loucura.
- A alma humana, como os bolsos da batina de padre, tem mistérios insondáveis.
- O homem cumprimentou o outro no café: "Creio que nós fomos apresentados na casa do Olavo." "Não me recordo." "Pois tenho certeza. Faz um mês, mais ou menos." "Como me reconheceu?" "Pelo guarda-chuva." "Mas nessa época eu não tinha guarda-chuva." "Realmente, mas eu tinha!"
- O homem é um animal que pensa; a mulher, um animal que pensa o contrário. O homem é uma máquina que fala; a mulher é uma máquina que dá o que falar.
- O homem que se vende recebe sempre mais do que vale.
- O mal alheio pesa como um cabelo.
- A solidez de um negócio se mede pelo seu lucro líquido.
- Que faz o peixe, afinal? - Nada.
- A sombra do branco é igual a do preto.
Você, que está cheio de ter que que decorar números como CPF, RG, Título de eleitor, cartão de crédito, PIS, senhas, etc., vai ficar feliz com o projeto do CADASTRO ÚNICO. Este projeto visa acabar com a burocracia de uma vez por todas, dando a cada brasileiro um CADASTRO ÚNICO (CU).
Veja só como o “CU” será importante na sua vida;
No começo, você usará o CU apenas para as necessidades básicas, mas com o tempo poderá ver e usufruir das inúmeras utilidades que o CU lhe proporciona. Ao requerer um empréstimo, por exemplo, é só dar o seu CU para o gerente que logo, logo, através de uma simples consulta à central do CU, ele estará disponibilizando um montante compatível com o seu CU. Quando você fizer uma compra, é só falar para o atendente: “Põe no meu CU, por favor”, e suas compras estarão pagas. Tudo será colocado no seu CU.
O seu CU servirá também com identificador. Numa Blitz da policia, por exemplo, quando você for parado, em vez de ficar procurando centenas de documentos, basta mostrar o CU. Além disso, o seu CU servirá também para a causa da segurança, pois um bandido saberá que poderá ser facilmente reconhecido pelo seu CU, que será inutilizado por um período previsto por lei. Isso intimidara o larápio, pois, afinal, quem tem CU tem medo.
Mas tudo isso tem um preço. Já imaginou quanta coisa não teria que ser guardada no CU? Todos os dados que você tem, por exemplo, serão armazenados no seu CU. Por isso mesmo seriam contratados os maiores técnicos em inserção de dados do mundo para que tudo que entrar no seu CU, entre de forma rápida e discreta.
Agora chegou o momento de você se perguntar. “ será que eu estou preparado para usar o meu CU?”. Se você achar que sim, entre em contato com os órgãos responsáveis que eles providenciarão para que você possa usufruir do seu CU, imediatamente. No inicio, você vai achar estranho tanta gente pedindo seu CU. Mas não tenha medo de dar o CU, que, além de patriótico, além dos bancos e comércio, governo e tantos mais vão usufruir dos benefícios do seu CU.
MAS TENHA CUIDADO. NÃO SE ENTUSIASME E VÁ SAINDO POR AI DANDO O SEU
Um Homem de idade vivia sozinho
na prisão. O homem então escreveu a seguinte carta ao filho, reclamando de seu problema:
"Querido Filho, Estou triste porque, ao que parece, não vou poder plantar
meu jardim este ano. Detesto não poder fazê-lo porque sua mãe sempre adorava flores e esta é a época do plantio. Mas eu estou velho demais para cavar a terra. Se você estivesse aqui, eu não teria esse problema, mas sei que você não pode me ajudar com o jardim, pois estás na prisão.
Com amor, Papai."
Pouco depois o pai recebeu o seguinte telegrama: "PELO
AMOR DE DEUS, papai, não escave o jardim! Foi lá que eu escondi os corpos."
As quatro da manhã do dia seguinte, uma dúzia de agentes do FBI e
policiais apareceram e cavaram o jardim inteiro, sem encontrar
nenhum corpo.
Confuso, o velho escreveu uma carta para o filho contando o que
acontecera.
Esta foi a resposta:
"Pode plantar seu jardim agora, pai. Isso é o máximo que eu posso fazer
no momento."
ESTRATÉGIA É TUDO PARA UM GESTOR... E PARA
PROFISSIONAIS COMPETENTES.
Tomaram café da manhã e dividiram as tarefas. Até pensaram em faltar na Faculdade, mas, certamente não seria algo muito inteligente para ambos. Então proveram meios de irem à aula de Dr. Antônia. Lucas em especial tentar convencê-la de sua postura e Enoch aproveitando o ensejo que teria entreaulas daria uma breve passada ao hospital.
Jovens, dispostos, porém, cansados; agora teriam que andar para chegar a Universidade ou pagar para uso do transporte público. Andaram. Contudo antes de chegarem ao ponto, conseguiram carona do patrão de Tô que aproveitou para lembrar de “seu”.
- Salvem meninos!!! Tudo certo convosco? Onde vão a pé assim tão cedo? Caminhada neste estilo? Êta nóis hein!
- Bom dia Senhor. Não. É que “nosso” carro quebrou ontem e enviamos-o ao conserto.
- Não seja por este. Entrem, deixo-os na praça Alvarenga Dias. Afinal é caminho de meu serviço. Ok?
É claro que estava bom. Loucos seriam se renegassem tamanha ajuda de tão insigne homem. Por fim, deixou-os em frente às escdas romanas da Faculdade e seguiu para o trabalho. Tempo é dinheiro. Ainda mais nos anos 30.
Assistiram às aulas os dois jovens. Tudo na santa paz de Deus, na medida do possível. Amém. Fora tão bom que Gian até conseguiu realizar a avaliação necessária. Um feito histórico. Digno de primeira capa. Que lábia tinha aquele garoto quando Dr. Antônia não estava zangada. Impressionante.
Depois, encontraram-se num típico bar da esquina, “Potiguar” onde dialogaram?
- Ufa! Graças a Deus. Um dia menos no ano, uma nota mais no semestre. Hoje, melhor que ontem. Que não será amanhã?
- Uau! Que entusiasmo Sr. Lucas. Viu acaso o passarinho verde, amarelo, azuel e branco? Lembre-se, temos muito a fazer para o Sr. ficar de miolo miolo mole pensando em rabos de saia. Não deu tempo de sair na entre aula para ver o Tô. Tive trabalho de última hora do Sr. Cocô Paiva. Então, temos que ir agora mesmo ao hospital.
- Hum, é mesmo Ben. Tô aquele velho galhofa safado deve estar entediado já. Alcova pra ele só se for devidamente acompanhado e, bem acompanhado por sinal. Lembra da mulata do Rio? Das primas de outrora e aquela uma dos Estudantes Internacionais da Bíblia que ele quase desviou? Nossa Senhora! O cara parece que tem mel até nos póros.
É realmente impressionante. Mas, essa da “irmã” eu não sabia não! Vou pegar um espetinho aqui e você me conta isso no caminho. Quer comer algo?
- Não. Grazie.
Tomou o aperitivo e seguiram. Desta vez de táxi. Ben, recebera uma quantia de seu pai. Um extra pelas “menções de fim de ano”. Até assustou quando foi chamado à Reitoria e o diretor entregou-lhe aquele amarelo envelope gordo. Menções de fim de ano? Que piada. O reitor não era burro de deixar com notas baixas o filho do maior “colaborador” da Insttuição. Começou Lucas a narrar um pequeno trecho da épica vida paulistana de Paulo.
- Táxi! Hospital Menorah das Clínicas, apelido de seu predecessor Albert Einsten, por favor.
Bem, como estava dizendo, tinha tudo para ser e foi só mais um dos trezentos e sessenta e cinco dias do ano do calendário. Só que nossa noção de dia é fútil . As vezes tão vaga que esquecemos que o dia só acaba às zero horas e não quando o ponta surge.
E deu-se que no finalzinho da tarde, bateram palmas lá
Comprimentou-lhe e leu ou ao menos tentou ler um trechinho bíblico, fato que confidenciou-me depois, que dizia:
- “Não se aparte da tua boca o livro desta lei, antes medita nele...
- “...dia e noite, para que tenhas cuidado de fazer conforme tudo quanto nele está escrito; porque então farás prosperar o teu caminho, e serás bem sucedido.” – Josué, capítulo I verso 8. Pronto ganhou a mulher. Era recatada mas, abriu um sorriu enorme. Parecia-se como leque chinês!
Claro que mataria aquele típico versiculo na hora. É o mesmo que perguntar a um Brasileiro se ele gosta de samba, capoeira e carnaval. Afinal de contas,
Disse tudo aos risos e prosseguiu. Não demorou muito até convidar a moça para entrar, tomar café, água, chá. A noite caia. Lembro que quando saí eram por volta das dezoito horas. Mas, a moça aceitou de cara? Claro que não. Tem sempre aquele charminho todo antes. Entretanto, a colméia de Paulo servia praquê? Ela acabou cedendo. Entrou. Sentou. Subiu. Depois desse dia pude perceber porque os antigos dizem que o diabo é porco. O assunto de virtuoso em vertiginoso passou. Paulo descobriu que Juliana era de Mangabas. Hiper-mega-mini-micro-plus-advanced cidade pertíssimo de Calhambeques. Mundo pequeno, não?
Continuram o papo: Coisa e tal. Tal e coisa. Bem, pra resumir a história que o hospital já tá na esquina, cheguei em casa duas e vinte da manhã da casa de uma daquelas loiras do quarto ano. Estava exausto e fui dormir. Lembro-me e como lembro-me daquelas:
- Oi. Bom dia. Tchau. Foram quatro ou cinco palavras, nem sei ao certo que ela deu-me no café da manhã. Engasguei. Recordo-me de Paulo descendo sorrindo as escadarias de acesso aos quartos. Nada me disse. Também, precisava?
- Jesus, apaga a luz! Onde eu estava moço? Santa Virgem Americana, eu sempre perco tudo mesmo. Isso que dá ausentar-se em dias impróprios. Estou estupefato!
- Ah! Ben, você estava em Niterói num Congresso sei lá de que.
- Putz! É mesmo. Nem me lembre. Mas, porque não falou-me nada depois?
- Imaginei que você soubesse. Afinal, foi um furdunço só como diria Zé José, o baiano da venda.
- Não. Soube de tudo agora. Esse sim é o gatilho D’Oeste. Isso que dá estudar no bloco F, nunca sabe-se de nada.
- Pode crer. Perdi meu almoço todo aquele dia. Contou-me aos detalhes que não atreveria dizer nem em meus dias de álcool mais profundo e de sanidade questionável.
Desceram do táxi e entraram no hospital com aquele ar de “Puta que o pariu, que cara de sorte!”
Mudando de açaí para graviola. Depois de cavalgar alguns instantes e caminhar outros mais, estavam juntos: Nicanor, Juraci e Paulinho que logo tratou meios de “cair na marva” quando avistara ao longe duas negrinhas descalças. Cabelo pixaim? Óbvio que sim. Tão certo como dois mais dois são quatro. Não sei ainda até hoje o que ocorreu com o guri. Só sei que ele partiu em disparada rumo as até então desconhecidas primas.
Fora uma alegria só. Rolou a tal química e as crianças pareciam conhecer-se desde o berço.
Os irmãos abraçaram-se de parar de o tempo. Era ainda mais sofrida a vida de Juraci não unicamente por estar casado com Marta – uma mala sem alças – Mas, por que era humilhado no trabalho. Submetido as mais constringentes situações que um pai de família poderia suportar para manter a casa
- O meu irmão, que saudades. Até parecemos morar um em cada país, não achas? Sempre quando era pra vir aqui, era um tormento. Isso porque trabalhamos para o mesmo dono e nas mesmas terras, embora em regiões administrativas diferentes.
- É mesmo mano. Mas, não vamos falar de coisa ruim não. Eu to muito feliz com a presença sua e da família todinha aqui. Hoje é o dia mais feliz pra mim nestes últimos oito anos. Lembra quando nos vimos pela última vez? Acho que foi no enterro da vó Deocreciana.
- Não, não Juraci. Vimos-nos duas semanas depois no nascimento do Paulinho lembra? E teve também o batizado de Jurubeba e Catuaba, no outro mês. Mas, de fato mesmo, faz oito anos que não sentia tal abraço.
- É Nicanor, o tempo avoa meu irmão. Avoa que a gente nem dispercebe que passa.
Sorriram e prosseguiram a prosa embaixo da mangabeira onde aproveitaram para saborear o fruto da típica arvore de mil e uma utilidades. Vai desde a fabricação de bebida vinosa, de altura expressiva, flores grandes, madeira avermelhada até o seu uso do látex aproveitado para fazer borracha. Desta forma complementavam a renda: Vendendo mangabas e mangabas e mangadas. Como ficava na labuta da ordem campestre cabia a Marta vender o fruto. Detestava. Queria ter a sorte de Eulália que ganhava dinheiro fácil e tinha vida boa dando aula pra molecada dali.
O que era pra ser uma visita do tipo bate e volta acabou pela insistência de Marta
Na hora do jantar:
- Senhor meu Deus, abençoai nossas famílias para que fiquem sempre unidas sob a proteção do Senhor e que Deus Pai todo poderoso nunca nos deixe faltar nada à mesa. Somos gratos a ti por esta provisão maravilhosa e pelas demais que faremos certamente. Amém.
- Amém. Respondem todos após a oração de Eulália. Até suas orações pareciam poesia. Queria ver que santo ouvinte não a responderia.
Comeram. Fartaram-se. Trocaram mais algumas palavras e...
- Nicanô, se ocê quisé escorá a espinhela, já ta no jeito.
- Muito obrigado Marta eu vou aceitar seu convite sim. Chamou Eulália e Paulinho e recolheram-se aos aposentos preparados. Antes de dormir, uma prece em família:
- Deus que ouve e atende nossas necessidades, continuai a zelar por nós. Protegei-nos a vida e a de quem amamos. De muito gozo e saúde ao Coronel Lór e sua família, a todos desta e da outra parte da Fazenda. De todos os homens livres de corpo e alma de nossa terra, iluminai-nos. Faça-nos ver sua face ainda que amarga nos seja a vida, os dias e as desesperanças muitas, quase infindas. Zelai por nossa saúde para que possamos trabalhar e se for de sua vontade prosperar na vida. Dai paz aos homens que a buscam e livrai-nos do mal. Amém.
As orações de Nicanor não ficavam atrás em nada as de sua patroa. Levantaram, fizeram o sinal da cruz como todo bom católico apostólico romano e, deitaram os cansados lombos no branco lençol de seda francesa que Marta ganhou de um padrinho fino e que agora os servira. Dormiram.
De manhã já bem cedo. Por volta das quatro da manhã quando orvalho faz terra véu de noiva e como doce aroma enfeita os mais sútis dos sonhos, leventa-se Juraci para ordenhar as vacas. Como de costume, lava o rosto, lasca um pedaço de pão com manteiga gorda, leite amarelíssimo e forra o estômago. Toma seu chapéu de palha de abas largas, tipo mexicano e arriou cavalo. Antes é claro já estava com cigarro grosso nos beiços mandando fumaça pro ar.
Não demorou nada e Marta estava de pé. Ávida, como sempre percebeu momentos depois de acender o candeeiro lá fora um forte cheiro de fumaça. Assustou-se, correu pro quarto onde estavam seus parentes tomou Paulinho no colo. A casa estava
Paulo tenta correr para salvar os pais visto que sua tia apenas grita quando cai ao chão e desmaia.
Lá mais afastado de casa, vê uma nuvem preta no céu que denuncia incêndio por aquelas bandas. Seu Juraci volta correndo. O cavalo parecia ter asas. Contudo, demorou. Pode somente ver as cinzas da desesperança de seu lar desfeito pelas chamas e de seus entes queridos: Seu único e amado irmão com sua cunhada mortos de trágica maneira. Não eram fênix. Jamais tornariam das cinzas para uma discussão, uma conversa informal, uma piada sem graça que seja, um abraço e até mesmo para o último adeus. Prostou-se e com face no chão, chorou todos suas forças. Marta abraça-o e tenta consola-lo no discurso:
- Foi a vontade de Deus.
Nada diz. Chora, lamenta, chora e chora. Paulo foi levado ainda desacordado para casa de Agripino Diaz, meio irmão de Marta onde Jurubeba e Catuaba passaram a noite dado a hospedagem dos tios. Acorda em choque e gritando clama:
- Não, não, não deixem eles queimar. Não, pai. Mãe. Acordam. Por favor, acordam.
Não, não, não!
Enfermeira por favor me ajude, o paciente está delirando. É um surto psicótico, alguma lembrança do passado.
- Paulo, Paulo, acorde. Olhe para mim. lembra-se de mim? Sou Doutor Sadre, o médico que lhe atendeu quando seu amigo Lucas o trouxe. Acalme-se. Foi só um sonho, você está bem?
- Sim, doutor passaram as lágrimas do sonho, mas, algo ainda atormenta minh’alma. Já não sei ao certo quem sou, nem o que faço aqui
- Tudo bem. Deixa-lo-ei a sós. Se precisar de algo e só chamar. Procure relaxar, se possível. Dentre instantes, novo dia será.